Sem garantias de segurança: Kyiv examina acordo de matérias-primas e espera compromissos futuros dos EUA
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Selenskyj (à esq.) rejeitou um primeiro rascunho do acordo com os EUA. Trump logo o chamou de ditador.
(Foto: picture alliance / ZUMAPRESS.com)
A Ucrânia quer permitir que os EUA tenham acesso aos seus recursos naturais. Entretanto, o tratado que está sendo elaborado não deve conter nenhuma garantia concreta de segurança para o país atacado. Os acordos estão gerando preocupações na Europa. Kyiv apazigua.
De acordo com o primeiro-ministro de Kiev, Denys Shmyhal, a Ucrânia e os Estados Unidos deram os retoques finais no acordo-quadro sobre o uso conjunto de matérias-primas ucranianas. Shmyhal disse na televisão ucraniana que seu governo consideraria o acordo em breve. "De fato, uma versão final foi desenvolvida." O presidente dos EUA, Donald Trump, já anunciou que o acordo será assinado durante uma visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy a Washington na sexta-feira.
O acordo prevê o estabelecimento de um fundo ucraniano-americano, disse Shmyhal. O objetivo é facilitar o uso de recursos naturais ucranianos, como terras raras, e permitir investimentos na reconstrução do país.
A liderança de Kiev espera que este acordo mantenha os Estados Unidos como parte interessada do lado da Ucrânia. De acordo com relatos da mídia, no entanto, o acordo não fornece nenhuma garantia direta dos EUA para a segurança da Ucrânia contra a Rússia. "Não pensamos em assinar um acordo sem garantias de segurança", disse Shmyhal. No entanto, o texto afirma que o acordo faz parte de uma futura solução abrangente de paz e segurança para a Ucrânia. "E o governo dos EUA apoia os esforços da Ucrânia para obter as garantias de segurança necessárias para uma paz duradoura", disse o primeiro-ministro.
Zelensky disse que a questão das garantias de segurança ainda não foi decidida. No entanto, um acordo foi alcançado sobre as condições-quadro do acordo. Zelensky rejeitou um rascunho inicial do acordo dos EUA por considerá-lo inadequado, o que lhe rendeu dias de duras críticas de Trump.
Na UE, esses acontecimentos são vistos com grande preocupação. Especialistas em Bruxelas temem que um mau acordo com os EUA possa levar instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a limitar ou até mesmo interromper os empréstimos à Ucrânia, que depende de ajuda financeira. O pano de fundo é que o acordo forçado por Trump teria, dependendo de seu desenho, um impacto negativo nas receitas da Ucrânia e, portanto, também em sua capacidade de crédito.
O impacto no processo de adesão da Ucrânia à UE também pode ser dramático, já que apenas estados econômica e financeiramente estáveis têm chance de serem aceitos. Agora é preciso analisar de perto o que está sendo assinado, foi dito em Bruxelas. O ideal seria que o acordo final não fosse tão ruim quanto os rascunhos anteriores sugeriam. Um possível ponto positivo visto em Bruxelas é que o acordo poderia fortalecer o interesse dos EUA em uma Ucrânia independente e poderia, em última análise, atuar como uma espécie de garantia de segurança.
Fonte: ntv.de, lar/dpa/AP
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