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O cupim da corrupção

O cupim da corrupção

Segundo o dicionário, corrupto é alguém que se deixa subornar, perverter ou corromper. O verbo "quebrar" tem um prefixo que indica "participação, em colaboração com outro". Não se corrompe se dois não querem; sem corruptor, não há corrupto. Aqui, a corrupção é sistêmica; faz parte de um modo de fazer as coisas, não apenas na política. Aqueles que pagam ou recebem ilegalmente, aqueles que alteram a avaliação de um apartamento ou o operam sem licença, aqueles que constroem na esperança de uma anistia urbanística e generosamente fazem vista grossa para aqueles que o aprovam, aqueles que garantem para si megaprojetos com propinas, aqueles que modificam as regras em troca de favores.

Dani Duch

O pior da corrupção não é que ela roube se aproveitando dos outros, mas sim a sua assimilação, que torna os meios legais impraticáveis ​​por serem muito trabalhosos. Se sempre foi assim, se todos fazem assim, por que eu deveria ser o tolo? É assim que funciona, e basta não ser pego. É estrutural, parte do sistema. Para trapacear, é preciso que alguém aceite; tem que haver uma situação vantajosa para todos.

Se sempre foi feito assim, se todo mundo faz assim, por que eu deveria ser o tolo?

Há muita literatura sobre o assunto, romances magníficos de Rafael Chirbes ou Guillem Frontera, filmes como El reino ou B, que não conseguem retratar a forma de proceder, que na verdade é muito mais descarada e vulgar. Some-se a isso os arquivos de jornais, repletos de casos que são a crônica vergonhosa do país; ambos os lados se culpam mutuamente por isso, em uma guerra ridícula onde só enxergam a corrupção pelos olhos dos outros, enquanto o resto de nós assiste, farto, enojado e impotente.

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Turistas lotam as ruas de Sóller, na Serra de Tramuntana, em Maiorca, em 9 de agosto de 2023. Reportagem sobre a superlotação de Maiorca e a reforma de Magaluf, onde empresas hoteleiras querem substituir a área de turismo alcoólico por hotéis de 4 e 5 estrelas. Foto: Joan Mateu Parra / Shooting

Ao normalizá-la, a corrupção corrói os alicerces da confiança, danifica a estrutura da democracia, distorce a imagem das instituições e tudo começa a se deteriorar. É como o cupinzeiro que você descobre quando eles já corroeram os alicerces do lugar onde você mora. Segundo uma teoria completamente anticientífica, a casa tende a se manter. É a isso que nos acostumamos. Às vezes, alguém promete dedetizar (provavelmente contratando um empreiteiro). Mas não basta. Tudo deve ser restaurado. Não demolido para reconstruir, claro, porque aí ficaríamos sem teto, e, além disso, todos sabemos o que acontece nesse tipo de construção. Por outro lado, a cada novo rangido e cada nova rachadura, torna-se mais urgente sair daqui.

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