O filósofo Mauricio Beuchot está preparando uma conferência sobre filosofia e direitos humanos em Torreón.

Na manhã desta segunda-feira, no Salão Bruxelas do Hotel Marriott de Torreón, foi realizada uma coletiva de imprensa sobre a palestra "A Filosofia dos Direitos Humanos", que será proferida pelo filósofo Dr. Mauricio Beuchot (Torreón, 1950) na próxima quinta-feira, 24 de julho, às 20h, no Salão Luxemburgo do mesmo hotel.

Segundo relatos, o evento foi organizado pela Universidad Iberoamericana Torreón, pela Escuela Normal Superior de Monterrey e pelo Marriott Hotel. Estiveram presentes no painel Francisco Martínez Lombas (Presidente da OCV Torreón), Saira García Zavala (Diretora de Vendas do Marriott Hotel Torreón), Luis Reyes Delgado García (Diretor de Relações da Universidade Iberoamericana) e o próprio Mauricio Beuchot.

Sobre o tema de sua palestra, Mauricio Beuchot indicou que os direitos humanos serão abordados sob a perspectiva da hermenêutica analógica, corrente filosófica que, ao interpretar um texto (livro, pintura ou acontecimento humano), busca o equilíbrio entre o unívoco (aquilo que é rígido, fruto de uma interpretação única e limitante) e o equívoco (a embriaguez das interpretações, onde qualquer loucura é aceita).

Não me interessa que a hermenêutica analógica seja brilhante, mas sim que seja útil. Veja, vou defini-la muito brevemente: hermenêutica é o ramo da filosofia que nos ensina a interpretar textos. Todos nós interpretamos textos; você pode ver isso em nossas teses em literatura, filosofia, psicologia e pedagogia. Hoje em dia, a hermenêutica se divide maliciosamente entre hermenêuticas unívocas, que são absolutistas, que buscam a clareza completa, o que falta nas humanidades. Mas o perigo sempre foi uma hermenêutica equívoca que diluirá tudo; é um relativismo objetal que não leva a lugar nenhum.

É nesse contexto que os direitos humanos têm seu lugar, especialmente em um mundo preso entre a análise e o pós-modernismo. A hermenêutica analógica, um conceito que remonta a 1993, pode ajudar a interpretar culturas, tradições e até mesmo leis que concedem garantias aos cidadãos; a analogia é prudência e justiça. Como disse o filósofo e cientista político italiano Norberto Bobbio: se não houver fundamento para os direitos humanos, eles não passarão de bons desejos.

A analogia é muito poderosa. A dialética é apenas uma forma de analogia. A analogia vai onde o nosso conhecimento não alcança absolutamente, mas também não alcança relativamente, como na equivocação dos pós-modernistas.

ESCREVER É SEU REFÚGIO

Doutor em Filosofia pela Universidade Iberoamericana, Mauricio Beuchot é considerado um dos principais filósofos da América Latina, especialmente por suas contribuições aos campos do estruturalismo e da hermenêutica. Sua hermenêutica analógica já é considerada um movimento filosófico mexicano, mas o campo do pensamento profundo não era seu primeiro interesse. Anteriormente, trabalhou com literatura, chegando a escrever coletâneas de poesia como Poemas de desierto (2003).

“Primeiro, eu queria ser escritor. Aliás, tenho alguns livros de poesia. Eu queria ser poeta. E daqui, em Torreón, no final do ensino médio, eu já escrevia minhas próprias coisas e tudo mais. É por isso que acho que a escrita chegou até mim; é o meu refúgio, eu gosto. E deixei a poesia e a literatura para trás porque fui cativado pela filosofia. Quando eu a estudava, eu a adorava. Ela cativa. Todos nós somos, em certa medida, filósofos.”

Fatos e Interpretações (Fondo de Cultura Económica, 2016), Perspectivas Hermenêuticas (Siglo XXI, 2017), Hermenêutica, Pessoa e Direitos Humanos (UNAM, 2022), são apenas alguns dos volumes da extensa coleção de livros escritos por Mauricio Beuchot sobre hermenêutica analógica.

Cabe ressaltar que a entrada para a conferência "A Filosofia dos Direitos Humanos" será gratuita, mediante inscrição prévia.