Trump anuncia um acordo comercial com o Japão, impondo uma tarifa de 15% sobre todos os seus produtos.


O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na noite de terça-feira (horário de Washington) um "gigantesco" pacto comercial com o Japão, "talvez o maior da história", como o descreveu em uma mensagem em sua plataforma de mídia social, Truth, o veículo preferido dos republicanos para fazer anúncios importantes sobre a política econômica da principal potência mundial. Segundo esse acordo, do qual não se sabe mais detalhes — de forma alguma, já que documentos foram vazados — o Japão incorrerá em uma tarifa de 15% sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos.
Em troca, escreve Trump, o país asiático "investirá US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, que receberão 90% dos lucros". "Este acordo criará centenas de milhares de empregos, algo nunca visto antes", acrescenta o presidente em sua mensagem, em seu típico estilo hiperbólico. "Talvez o mais importante seja que o Japão abrirá seu país ao comércio, incluindo carros, caminhões, arroz e outros produtos agrícolas."
Em 2 de abril, quando Trump mostrou ao mundo uma tabela impressa em um grande cartaz para anunciar as tarifas que planejava impor a dezenas de seus parceiros comerciais, Tóquio foi atingida por uma tarifa de 24%. Uma semana depois, o presidente dos EUA suspendeu essas tarifas e deu um prazo de 90 dias, previsto para expirar em 9 de julho, para que os países se reunissem à mesa de negociações com Washington. Se a trégua não entrou em vigor, é porque, alguns dias antes, Trump anunciou uma extensão da trégua em sua guerra comercial até 1º de agosto.
Antes disso, Tóquio já havia sido alvo de Trump após ele criticar o Japão por seu estilo "duro" de negociação. O presidente americano pressionou o país a aumentar suas importações de arroz dos Estados Unidos e criticou a relação bilateral em relação à venda de automóveis. O republicano também ameaçou impor uma tarifa de "30%, 35% ou qualquer valor que determinarmos".
Enviando cartasDurante a semana de 9 de julho, Trump iniciou uma campanha de envio de cartas a duas dúzias de seus parceiros e à União Europeia, cujas negociações parecem estar estagnadas, em meio ao pessimismo nas capitais da UE.
O Japão foi um dos primeiros a receber a sua própria tarifa, incorporando uma tarifa de 25% (portanto, 1% a mais que a tarifa de abril). Todos os países contatados por correspondência receberam ameaças tarifárias semelhantes ou menores que as de abril, exceto em quatro casos: Canadá (35% para produtos não protegidos pelo Acordo de Livre Comércio da América do Norte, acima dos 25% anteriores), México (agora 30% novamente para produtos cobertos pelo Acordo de Livre Comércio dos EUA; 25% anteriormente) e Brasil.
O país ibero-americano recebeu uma punição severa: uma tarifa de 50%, a maior até o momento, cinco vezes maior que a imposta pelos Estados Unidos em abril. O motivo? Trump acredita, e assim informou ao presidente Lula da Silva, que o líder de extrema direita Jair Bolsonaro está sendo tratado de forma injusta. O republicano o considera vítima de uma "caça às bruxas" devido ao julgamento que está enfrentando por seu suposto envolvimento no golpe de Estado fracassado de janeiro de 2023. Bolsonaro pode pegar uma pena máxima de 43 anos de prisão.
Desde o envio desse lote de cartas, apenas um acordo comercial havia se concretizado até terça-feira, com a Indonésia. Os Estados Unidos impuseram um imposto universal de 19% sobre Jacarta em troca de "acesso total" à sua economia. Antes disso, e apesar da promessa do governo Trump de fechar "90 acordos em 90 dias", apenas dois acordos foram firmados, com o Reino Unido e o Vietnã, e uma trégua com a China. O Secretário do Tesouro deve se reunir com os negociadores de Pequim na próxima segunda e terça-feira, em Estocolmo.
O caso do Vietnã é particularmente marcante, além de ilustrativo da dinâmica das políticas comerciais agressivas, voláteis e evasivas dos Estados Unidos. Trump anunciou há três semanas que Hanói concordou em remover todas as tarifas sobre as exportações americanas e pagar uma tarifa universal de 20% e uma tarifa de 40% sobre produtos provenientes da China através do Vietnã. Nenhum documento detalhado confirmando a assinatura deste acordo foi divulgado por nenhuma das partes.
EL PAÍS