Filhos de signatários da paz assassinados receberão renda básica: como acessar o benefício?
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A violência contra os signatários do acordo de paz continua, apesar da melhora nos números observados em 2024. Até agora neste ano, 11 ex-combatentes foram mortos, sendo o assassinato de Hernán Amaya Velásquez, líder camponês e defensor da reforma rural em Vichada, o mais recente de uma longa lista de episódios que refletem o risco constante em que vive esta população.
Esta situação, que resultou em 441 incidentes desde 2017, segundo dados das Nações Unidas, não só levou o Tribunal Constitucional a declarar a situação inconstitucional há dois anos, como também provocou uma dura advertência do partido Comunes na apresentação do último relatório trimestral sobre a Missão de Verificação da ONU perante o Conselho de Segurança da referida organização.
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A publicação da resolução está em conformidade com o que foi determinado pela JEP. Foto: ARN Colombia Press.
A violência praticada por grupos armados ilegais contra os signatários não só abala a confiança no processo de reintegração, mas também afeta as famílias das vítimas, que, na maioria dos casos, dependem economicamente dos projetos produtivos realizados pelos ex-combatentes.
Devido a essa situação, a Agência de Reincorporação e Normalização (ARN) anunciou na quarta-feira a resolução 0275, que adota uma estratégia abrangente de apoio aos familiares de pessoas em processo de reincorporação que foram assassinadas ou que foram vítimas de deslocamento forçado.
“Esta resolução se aplica aos grupos familiares e filhos menores de pessoas falecidas vítimas de homicídio e vítimas de desaparecimento forçado que fizeram parte do Processo de Reincorporação”, diz o documento emitido em 17 de fevereiro.
A publicação da resolução está em cumprimento ao despacho da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) por meio do despacho SAR-AI 067 de 11 de novembro de 2021, documento que determina a criação de uma estratégia de apoio às famílias de pessoas reincorporadas que tiveram que deixar o ETCR ou são vítimas de outras ações violentas.
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Alejandra Miller, Diretora da Agência para Reincorporação e Normalização. Foto: Agência de Reincorporação e Normalização
A estratégia terá quatro componentes. Primeiro, ele se concentrará em ações eficazes para lidar com o impacto emocional. Em seguida, oferecerá treinamento coletivo e aconselhamento jurídico sobre seus casos. Incluirá também uma componente de reforço das capacidades políticas e, por fim, centrar-se-á na vertente económica.
Este último ponto inclui a oferta de uma renda básica, bem como ações que visem fortalecer a autonomia e a sustentabilidade das mulheres e dos grupos familiares. “Inclui também o desenvolvimento de medidas para facilitar o acesso à oferta institucional territorial e nacional relacionada à inclusão laboral, à inclusão financeira e ao desenvolvimento de suas iniciativas produtivas”, diz a resolução.
A renda básica ou apoio financeiro será aplicada aos filhos e filhas menores legalmente reconhecidos por ex-integrantes das FARC que fizeram parte do processo de reincorporação implementado pela Agência de Reincorporação e Normalização (ARN).
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As notícias mais importantes do dia 25 de fevereiro. Foto: EL TIEMPO
"Para que os grupos familiares possam ter acesso ao benefício, a Agência de Reincorporação e Normalização (ARN) deve verificar se a pessoa vítima de homicídio possui histórico de assistência ou desembolsos no âmbito do processo de reincorporação", acrescentam.
O valor da renda básica será de 90% de um salário mínimo e, caso o signatário tenha mais de um filho, será distribuído proporcionalmente entre os beneficiários.
Quais são os requisitos para acessar o benefício? Quem receber o benefício terá que residir legalmente no país, ser credenciado pelo Gabinete do Conselheiro do Comissário de Paz como vítima e que o ex-combatente vítima de homicídio não tenha condenação criminal definitiva por crimes dolosos cometidos após a data de ratificação do Acordo Final de Paz, 1º de dezembro de 2016, entre outros.
Quem desejar participar da estratégia deverá apresentar um requerimento à Agência de Reinserção e Normalização com o registro civil do menor, o documento de identidade do pai ou da mãe e um comprovante de conta bancária ativa.
CAMILO A. CASTILLOEditor políticoX: (@camiloandres894)
eltiempo