Putin se encontra com Kim Jong-un, mas o Kremlin nega conspiração contra Trump

"Se houver algo que possamos fazer para ajudar a Rússia, certamente o faremos e consideraremos isso nosso dever fraterno. Faremos tudo o que for necessário para ajudar a Rússia", disse Kim no início da reunião, segundo a agência de notícias Interfax.
O encontro ocorreu depois que os dois homens, um de cada lado do presidente chinês Xi Jinping, compareceram ao desfile em comemoração ao 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.
No entanto, o Kremlin negou que as reuniões em Pequim entre os líderes russos, chineses e norte-coreanos fossem, na verdade, uma conspiração contra os Estados Unidos, como sugeriu o presidente da Casa Branca, Donald Trump.
Aliança russo-norte-coreana contra o neonazismoKim enfatizou que, desde a assinatura do acordo de associação com Putin em junho de 2024 — que inclui uma cláusula de defesa mútua em caso de agressão — "as relações entre os dois países vêm se desenvolvendo em todas as áreas".
"Dentro da estrutura do acordo e em conformidade com nossas obrigações, estamos lutando junto com o povo e o exército russo", observou ele.
Por sua vez, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, Kim agradeceu ao líder do Kremlin pelos elogios às tropas norte-coreanas que lutam contra o inimigo ucraniano.
Putin, por sua vez, enfatizou que as relações entre os dois países são há muito tempo "confiáveis, amigáveis e aliadas".
"Por iniciativa de vocês, como é sabido, suas forças especiais participaram da libertação da região de Kursk, em total conformidade com nossos acordos. Elas lutaram com bravura e heroísmo", afirmou.
Ele enfatizou que a Rússia "nunca" esquecerá as baixas sofridas pelo exército norte-coreano, que algumas fontes estimam em vários milhares de soldados.
"Quero agradecer em nome do povo russo pela sua participação na luta conjunta contra o neonazismo moderno. Peço que transmitam meus mais calorosos cumprimentos a todo o povo da República Popular Democrática da Coreia do Norte", disse ele.
Putin e Kim conversam longamenteSobre o 80º aniversário da Primeira Guerra Mundial, ele lembrou que ambos os países "participaram da luta contra o nazismo, o fascismo e o militarismo".
A reunião, que durou uma hora e meia, contou com a presença de várias autoridades russas de alto escalão, incluindo o Ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o Ministro da Defesa, Andrei Belousov.
Depois disso, de acordo com agências de notícias russas, Putin e Kim continuaram suas conversas presenciais por mais uma hora sem a presença de nenhum assessor, após o que o líder russo acompanhou seu homólogo até o carro oficial.
De acordo com fontes sul-coreanas, ucranianas e ocidentais, a Coreia do Norte é o principal fornecedor de armas para o exército russo, fornecendo mísseis, projéteis e inúmeras munições.
Putin e Kim não se encontram desde uma cúpula na capital norte-coreana em junho do ano passado, que marcou a primeira visita do líder russo ao chamado Reino Eremita em um quarto de século.
O Kremlin nega conspiração contra os EUA.O Kremlin teve o cuidado de não irritar Trump, que expressou sua "grande decepção" com o líder russo na noite passada em sua rede social Truth Social e insinuou que Rússia, China e Coreia do Norte estavam conspirando "contra os Estados Unidos da América".
"Ele disse novamente, não sem ironia, que esses três supostamente estão conspirando contra os Estados Unidos. Quer dizer, ninguém planejou nenhuma conspiração, ninguém arquitetou nenhum plano", disse Yuri Ushakov, que também participou do encontro com Kim, à televisão estatal russa.
O diplomata acrescentou: "Além disso, isso nem ocorreu a ninguém, a nenhum dos três líderes."
Ushakov enfatizou que "todos estão cientes do papel que os Estados Unidos e o atual governo Trump desempenham no atual cenário internacional" e insistiu que as saudações que ele enviou à troika de líderes em suas contas de mídia social não passavam de um comentário sarcástico.
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