Mais de 800 mortos e 2.700 feridos: as imagens terríveis do terremoto que atinge o Afeganistão

Desde as primeiras horas da manhã, helicópteros decolaram dezenas de vezes de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, para entregar ajuda e evacuar dezenas de mortos e feridos, de acordo com o Ministério da Defesa.

Desde que retornaram ao poder em 2021, as autoridades do Talibã enfrentaram outro grande terremoto: em 2023, em Herat, no outro extremo do país, na fronteira oeste com o Irã, mais de 1.500 pessoas foram mortas e mais de 63.000 casas foram destruídas.

Desta vez, um número provisório indica 800 mortos e 2.500 feridos na província de Kunar e 12 mortos e 255 feridos na província de Nangarhar, anunciou o porta-voz do governo Zabihullah Mujahid em uma coletiva de imprensa em Cabul.

Autoridades afegãs, que repetidamente disseram que o número de mortos mudará à medida que as buscas continuarem nessas áreas remotas e acidentadas, dizem que os danos em Kunar são "muito significativos".

"Nunca havíamos vivenciado nada parecido", disse Ijaz Ulhaq Yaad, um alto funcionário em Nourgal, à AFP durante a noite. "Foi assustador, as crianças e mulheres gritavam", disse ele por telefone, uma conexão que ainda estava aberta à tarde.

A maioria dessas famílias, continuou ele, tinha acabado de retornar ao Afeganistão, expulsas de seu exílio paquistanês ou iraniano pelas recentes ondas de expulsões dos dois países vizinhos, que juntos enviaram de volta quase quatro milhões de afegãos.

"Havia cerca de 2.000 famílias de refugiados que retornaram e estavam planejando reconstruir suas casas" nesta região agrícola na fronteira com o Paquistão, ele explicou.

Por medo de tremores secundários, "todos estão ficando do lado de fora", embora "as três grandes vilas no distrito de Nourgal já tenham sido completamente destruídas, de acordo com nossas informações", disse ele.

Além disso, autoridades, equipes de resgate e a mídia estão tendo grandes dificuldades para acessar vilas e povoados, enquanto deslizamentos de terra bloquearam estradas.

O Afeganistão é frequentemente atingido por terremotos, particularmente na cordilheira Hindu Kush, perto da junção das placas tectônicas da Eurásia e da Índia, que é responsável por 15% da energia sísmica do mundo.

Desde 1900, o nordeste do país sofreu 12 terremotos com magnitude maior que 7, de acordo com Brian Baptie, sismólogo do Serviço Geológico Britânico.

O que ocorreu no meio da noite — e foi seguido por cinco tremores secundários, um dos quais de magnitude 5,2 — foi particularmente violento.

A missão da ONU no Afeganistão, uma das últimas redes de segurança em um país que foi duramente atingido pelos recentes cortes drásticos na ajuda humanitária internacional, particularmente dos Estados Unidos, disse estar "profundamente triste com um terremoto devastador que deixou centenas de mortos".

"Nossas equipes estão no terreno prestando ajuda emergencial", acrescentou. O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua "total solidariedade ao povo afegão".

Em outubro de 2023, o terremoto de magnitude 6,3 em Herat, seguido por oito tremores secundários, foi o terremoto mais mortal a atingir o país, um dos mais pobres do mundo, em mais de 25 anos.