Margens: como está o agronegócio após redução de retenções e retomada das chuvas
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A safra 2024/25, que está entrando em sua fase final, foi altamente volátil, com mudanças no modelo de negócio agrícola. No esquema anterior, a lucratividade podia ser alcançada em algumas áreas, como a financeira, que hoje não existe mais. O novo cenário convida todas as empresas a buscarem eficiência, com mudanças que possam contribuir para reavaliar a rentabilidade produtiva. “As regras do jogo mudaram e isso nos levou a reconsiderar muitas ações que estavam sendo realizadas no piloto automático”, diz Matías Amorosi, gerente geral do AZ-Group.
“Passamos por diferentes momentos e situações distintas ao longo da campanha, em que houve variações de preços e impostos de grãos e insumos, momentos com altas temperaturas e pouca chuva, mudanças de financiamentos, etc. Hoje, com essas mudanças já em vigor, a situação para os agricultores é um pouco mais animadora do que era há algumas semanas, e porque as chuvas voltaram em fevereiro, o que está recarregando os perfis e limitando as perdas de produtividade", acrescentou.
A redução de tarifas de exportação anunciada em janeiro deste ano também contribuiu para esse cenário mais positivo. Isso coincidiu com pouquíssimas vendas antecipadas de grãos, permitindo que a medida tivesse um impacto bastante direto na lucratividade. Especificamente, a melhoria de preço provocada pelo novo tratamento tributário dos grãos é da ordem de 20%. Portanto, nos casos em que a perda de potencial de rendimento em relação ao plano original for inferior a 20% devido à seca, é provável que haja uma melhora na lucratividade.
“As empresas de milho que sofrerem perdas inferiores a 20% da produtividade inicialmente projetada poderão ver uma melhora em suas margens projetadas, apoiadas pelo aumento de preços gerado pela redução das taxas de exportação. Entretanto, naquelas que perderam mais de 20% da produtividade estimada no plantio, o aumento nos preços não compensará totalmente a queda na produtividade", observa Amorosi.
Independentemente da produtividade, os produtores de milho poderão avançar com a comercialização de pelo menos parte da produção estimada aproveitando os US$ 200/t oferecidos no mercado para o grão de colheita precoce.
“Mais tarde, com a entrada massiva da produção, numa campanha em que se vendeu muito pouco antecipadamente, pode surgir um Gate 12 , porque historicamente as empresas têm que vender aproximadamente 20% da colheita para pagar aluguel, mão de obra, debulha, etc. "Por isso, pode acontecer de em algum momento haver quedas de preços devido à concentração de oferta", alerta.
Nesse cenário, “não devemos nos acomodar e aproveitar essa melhora nos preços do milho para encerrar as operações e não perder de vista que semanas atrás projetamos resultados negativos mesmo com altas produtividades”, aconselha.
Na soja a situação é diferente. Os preços são mais baixos que os do milho e só geram resultados econômicos positivos com altas produtividades; com rendimentos médios e baixos produzem perdas.
Daqui para frente, esses produtores devem ficar atentos à intenção de plantio nos Estados Unidos para o ciclo 2025/26, em que se estima uma redução na área plantada com a oleaginosa. “Diante de um contexto futuro volátil, o fator determinante nas decisões comerciais deve ser o preço-alvo , ou seja, o preço em que se economizam custos e se obtém certa rentabilidade”, recomenda Amorosi, acrescentando: “Pode-se aproveitar as ferramentas comerciais oferecidas pelo mercado, como uma call para capturar possíveis rebotes de preços ou a venda de soja em plena safra e a compra de um contrato de novembro para quem quiser ficar com o grão.”
A tabela mostra o melhor resultado econômico esperado para o milho em 2024/25 em comparação à soja.
Com preços de colheita do início da semana, em campo arrendado na área núcleo, com tecnologia para alta produção de milho precoce, pode-se atingir margem líquida de US$ 458/ha se forem obtidos 100qq/ha. A margem é reduzida para US$ 128/ha se atingir 80qq/ha (20% menos) e se torna negativa em US$ 37/ha com 70qq/ha.
Um rendimento de soja de 40 qq/ha na mesma área dá uma margem líquida de 104 US$/ha; com 32qq/ha (20% menos) cai para números negativos -105US$/a- e desaba -236US$/ha com 28qq/ha.
A NAÇÃO
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