Iniciativa Liberal: Quem vai suceder a (mais um) líder que sai por cima?

Começa a ser um padrão na IL: o partido cresce, mas o presidente em exercício acha que sabe a pouco e afasta-se para que outro lhe dê novo fôlego. Aconteceu logo em 2019, nas primeiras legislativas a que a IL concorreu. Carlos Guimarães Pinto foi considerado um herói entre os liberais, por ter levado o partido a eleger o seu primeiro deputado (João Cotrim de Figueiredo), mas depois afastou-se da liderança, invocando motivos pessoais e dando a sua missão por “cumprida”. “Começa agora uma nova fase, com um novo rosto e uma estratégia que tem necessariamente de ser repensada face às novas circunstâncias”, escreveu no Facebook, a 30 de outubro de 2019, por acaso (ou não) o dia da primeira intervenção de um deputado liberal na AR. Voltou a acontecer em outubro de 2022, quando João Cotrim de Figueiredo se demitiu para dar à IL “uma postura diferente”, apesar de ter levado o partido a crescer exponencialmente, de um para oito deputados, nas eleições de janeiro desse ano. “Esta decisão, pessoal e politicamente difícil, deve-se ao facto de entender que a estratégia para que o partido continue a crescer deve ser diferente daquela que o fez crescer de forma significativa até agora”, escreveu na rede social X. Nas legislativas, o PS conquistara uma maioria absoluta, argumento que o agora eurodeputado também utilizou.
E agora a História voltou a rimar. No último dia de maio, Rui Rocha anunciou a sua saída – apesar de a IL ter registado uma subida de 4,94% para 5,36% (correspondente a um ganho de quase 20 mil votos face às eleições do ano passado) e ter elegido mais um deputado –, por não ter conseguido que o partido se tornasse decisivo para a governação. “A Iniciativa Liberal não parte, reconhecendo a minha integral responsabilidade nisso, com a preponderância de um peso eleitoral pelo qual lutámos e todos desejávamos. (…) A exigência que sempre apliquei na minha ação pessoal, profissional e política não me permite ignorar este facto e impõe que decida em conformidade.” Pelo caminho, Rocha já presidira o partido numas eleições europeias extremamente bem-sucedidas para a IL, a fazer mesmo tremer o Chega na luta pelo terceiro lugar (acabou com 9,07%, a curta distância dos 9,79% do rival à sua direita), embora aqui o mérito tenha sido atribuído sobretudo à excelente campanha do cabeça de lista, Cotrim de Figueiredo.
Visao