Opinião: Portugal na Europa: Campeão de futebol e de infraestruturas digitais

De acordo como Eurobarómetro especial 551, a posição portuguesa, em 2024, em termos de infraestruturas digitais, revelava uma liderança competitiva, soberana e resiliente baseada na tecnologia. No entanto, a UE recomendava um reforço da digitalização na área dos negócios. Veja-se o seguinte quadro onde se listam os indicadores de desempenho (DESI-Índice de Digitalidade da Economia e Sociedade) para mensurar a posição portuguesa em termos de infraestrutura digitais.
A infraestrutura digital abarca tecnologias físicas e virtuais, como a computação, o armazenamento, a rede, as aplicações e as plataformas Iaas, Paas e Saas, destinadas a construir a base para o desenvolvimento das operações digitais. As empresas utilizam-nas ainda para reestruturar os seus serviços, para aceder aos ecossistemas de recursos digitais e para rapidamente desenvolverem e inovarem, em escala, os seus produtos ou serviços.
Para a sua concretização as empresas e organizações necessitam, deste modo, de uma estrutura digital transferida para a edge, liderada por desenvolvedores e definida por software e cada vez mais integrada por parceiros conectados. Neste sentido, uma infraestrutura digital adequada viabiliza às organizações uma adaptação dinâmica às tendências tecnológicas o que pressupõe redes de capacidade muito elevada
Nas redes de capacidade muito elevada (VHNC), Portugal está claramente à frente da UE ( 93% vs 78,8%). Nota-se que o progresso anual de Portugal ( 1,2%) é inferior ao da União Europeia ( 7,4%) precisamente por ter feito vultuosos investimentos nesta infraestrutura, que o coloca numa posição destacada (campeão), relativamente aos seus parceiros europeus, tendo, por isso, todas as chances de concretizar o objetivo de 100% da Década Digital. Ou seja, as VHCN são fundamentais para a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos em termos de tecnologia e para o crescimento e transformação da atividade económica do país (expansão da Economia Digital). Neste item, augura-se um êxito de 100%, muito embora, ainda haver atualmente, algumas áreas do território com um desenvolvimento económico e tecnológico inferior a outras áreas, como é o caso das regiões autónomas.
Na tecnologia FTTP (fibra para instalações), que é uma tecnologia de interligação de residências, através de fibra ótica para o fornecimento de serviço de TV digital e acesso à Internet com melhor qualidade, com menos interferência e menores perdas, Portugal apresenta hoje os instrumentos de conexão mais rápidos, estáveis e confiáveis. Esta inovação de entrega de sinais de comunicação, por meio de fibra ótica, é considerada como a última palavra em técnica de fibra. Portugal, no Desi de 2024 apresenta um indicador de desempenho de 92,3%, enquanto a performance da EU para 2030 não está fixada. Não obstante, Portugal está confortavelmente na frente, e mais uma vez posiciona-se como vencedor.
O mesmo sucede no padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga, que as empresas de tecnologia celular começaram a implementar no final de 2018. Neste campo tecnológico, Portugal atinge no DESI ( 2024 ) 98,1%, contra 89,3% da União Europeia, devido essencialmente ao progresso registado de 2023 para 2024, quantificado em 40%, o que significa lograr uma posição de conquistador.
Quanto aos semicondutores não existem dados. No tocante aos nós de borda (Edge noder), também conhecidos como nós de comunicação, são tecnologias que viabilizam aos utilizadores fazer o seu trabalho no edge node em vez do master node, o que favorece a realização de um trabalho mais distribuído, que ajuda a limitar a distorção dos dados e os erros de desempenho. O objetivo para 2030 é de 10000 edge nodes, Portugal possui 19, enquanto a União Europeia, em conjunto, totaliza 11% ( 1186/10000 ) do objetivo para 2030, o que constitui um importante desafio para todos os países membros.
Em suma, Portugal está equipado com excelentes infraestruturas digitais, percorre o caminho certo para atingir a conectividade Gigabyte muito antes de 2030, o que é essencial para assegurar os meios necessários a novos competidores empresariais digitais que forem surgindo nos domínios de Economia Digital entre empresas B2B. Contudo, as infraestruturas digitais são uma condição necessária, mas não suficiente em termos de Economia Digital, em virtude de ser indispensável investir também em software e recursos humanos, bem como conhecer o mercado, as plataformas digitais e os ecossistemas, ou seja, ser campeão em termos de acesso à inovação é importante, mas mais transcendente será liderar a capacidade de desenvolvimento, de implementação e de ajustamento às novas ferramentas digitais, aqui seriamos, se tivéssemos êxito supercampeões.
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