Família de Fábio Loureiro liderava redes de tráfico de droga

A família de Fábio Loureiro, mais conhecido como Fábio Cigano, é acusada de liderar uma rede de tráfico de droga, que até vendia estupefacientes dentro de prisões. Segundo avança o Jornal de Notícias (JN) este domingo, o cunhado de um dos evadidos da prisão de Vale de Judeus em setembro de 2024, Rafael Faria, mantinha alegadamente duas células independentes de venda de canábis, cocaína, MDMA e ecstasy, em Sines e na região do Algarve. Estima-se que os lucros tenham sido superiores a 810 mil euros.
De acordo com a acusação do Ministério Público consultada pelo JN, Rafael (mais conhecido por Lagarto) montou uma rede de tráfico de droga com dezenas de pessoas, incluindo a mãe de Fábio Loureiro, Catalina, as irmãs, Camila e Vânia, que é a companheira de Rafael Faria, e ainda um primo. Os estupefacientes eram vendidos principalmente a partir da casa da família de Fábio Loureiro, localizada no Bairro Municipal Jacinto Correia, no concelho da Lagoa, no Algarve.
As redes de venda de droga tinham uma natureza violenta: recrutavam vendedores à força e espancavam todos os devedores que não pagavam, segundo a acusação. A célula de Sines (gerida à distância alegadamente por Rafael Faria), estava estruturada hierarquicamente e mantinha escalas de trabalho para que houvesse sempre alguém a vender. A droga era comprada em Espanha, Lisboa e Setúbal e depois vendida.
Em Algarve e em Sines, o grupo usava a força para coagir toxicodependentes a vender droga. Cada um recebia, indica a acusação do Ministério Público, uma bolsa com várias doses individuais para depois as vender. Os estupefacientes chegavam a ser vendidos dentro de prisões — a um preço bastante elevado. Os negócios alegadamente eram feitos principalmente por Ruben Lima, que estava a cumprir uma pena de 13 anos na cadeia de Leiria.
Antes de ser preso, Ruben Lima já tinha trabalhado e tinha uma relação de confiança com Rafael Faria, a quem chamava “padrinho”. Aos 18 anos, assassinou à facada um jovem de um grupo rival em Almada e foi detido mais de um ano depois, no momento em ia renovar o cartão de cidadão.
Na cadeia, Ruben Lima gabava-se do sucesso que obtinha na venda de drogas aos reclusos. O negócio era bastante lucrativo. Atrás das grades, o jovem conseguiu ligar várias vezes, através de um telemóvel clandestino, a Rafael Faria, assim como a outros membros da rede. Em Leiria, o recluso treinou mesmo outros dois companheiros para vender droga dentro da prisão.
A 10 de julho de 2024, antes de Fábio Loureiro ter fugido da prisão de Vale de Judeus, uma operação da Polícia Judiciária terminou com o negócio da venda de drogas, desmantelando as duas células. Um ano depois, o Ministério Público proferiu as acusações contra 24 arguidos por associação criminosa e tráfico. Alguns estão ainda acusados de crimes de coação, detenção de arma proibida, sequestro e ofensas à integridade física qualificada.
Fábio Loureiro fugiu da prisão de Vale de Judeus, juntamente com outros quatro reclusos. Um mês depois da fuga, no início de outubro do ano passado, foi capturado em Marrocos. No final de abril de 2025, foi entregue às autoridades portuguesas. Foi condenado pelos crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão.
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