A estreia de Arensman entre o mano a mano dos veteranos

Tadej Pogacar. É este o principal nome da Volta a França ao cabo de duas semanas de competição. O esloveno da UAE Team Emirates-XRG chegou ao Pirenéus para arrumar com a consequência… e conseguiu, até ver. Depois de ter sido avassalador no Hautacam, o campeão do mundo de fundo deu mais um murro na mesa na cronoescalada de Peyragudes e somou a segunda vitória consecutiva com pompa e circunstância, aumentando para mais de quatro minuto a vantagem no topo da classificação geral. A confiança e a supremacia estava toda do lado de Pogacar que, mesmo sem João Almeida, continua a mostrar que tem equipa e pernas para ganhar o Tour. Os Alpes — e o que resta do Pirenéus — assim o dirão.
“Estou super feliz. Tinha uma grande incógnita para este contrarrelógio desde dezembro. Queria que tudo saísse perfeito e a equipa entregou tudo nos momentos finais para que tudo estivesse no topo. Comecei bem o dia, tive uma manhã tranquila e queria ir com tudo do início ao fim, para tentar dar o meu melhor. Quase rebentei no final, mas vi o cronómetro no alto e isso deu-me um empurrãozinho extra, porque vi que ia vencer. Escolher qual bicicleta usar era a decisão mais importante a tomar. Obviamente, corremos com bicicletas de estrada a maior parte do ano, 99% do tempo. No final, fizemos os cálculos e, se não consegues forçar tanto numa bicicleta de contrarrelógio, não faz a diferença. Decidi estar mais confortável e pedalei as últimas 10 etapas com a mesma bicicleta, portanto funcionou para mim. Decidi não usar o rádio e baseei-me apenas nas verificações de tempo nos pontos intermediários”, partilhou o esloveno depois de mais um triunfo.
“Posso estar satisfeito com meu desempenho de hoje [sexta-feira]. Provavelmente fiz o meu melhor esforço. Hoje voltei ao normal e só preciso de continuar a tentar. Hoje foi talvez a minha melhor performance. O Tadej estava mais forte e mereceu a vitória. Ontem [quinta-feira] foi um dia terrível para nós. Na subida final, senti-me muito bem, mas de repente tudo desmoronou. Foi muito dececionante, mas o meu nível não era o nível habitual. Ainda não perdi a fé em mim mesmo. Acredito no nível em que estou. Espero não ter mais dias maus. O Tour acabou? Claro que não. Temos que continuar a tentar e acreditar que ainda podemos fazer algo nesta corrida. A equipa inteira é muito forte e só precisamos de mostrar isso nos próximos dias”, assumiu Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), que terminou o contrarrelógio depois de ultrapassar Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) junto à meta.
???? Almost 5,000m of D+ and 2 HC climbs on today's menu! Hang in there!
???? Presque 5.000m de D+ et 2 cols Hors-Catégorie au menu du jour ! Bon courage ! #TDF2025 pic.twitter.com/bxRIbX3Icr
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Sábado foi, então, dia de etapa-rainha no Pirenéus, com os ciclistas a encontrarem uma tirada com 182 quilómetros, entre Pau — que recebeu a prova pela 76.ª vez — e Luchon-SuperBagnerès, num dia com mais de 5 mil metros de desnível acumulado. Depois do sprint intermédio, o pelotão enfrentou o histórico Tourmalet, com 19 quilómetros de subida e pendentes médias de 7,4%. Depois da descida seguiram-se o Col d’Aspin, com cinco quilómetros a 7,6%, e o Peyresourde, com 7,1 a 8,1%. Para o fim estava reservado, 36 anos depois, Luchon-Superbagnères, subida com uma segunda metade bastante complicada, com mais de 10% de inclinação, e um último quilómetro com duras rampas.
Ao 14.º dia, o frio, a chuva e o nevoeiro apareceram em peso na corrida, dificultando desde cedo a missão dos corredores. A primeira fase da etapa ficou marcada pelos abandonos de Mattias Skjelmose (Lidl-Trek), que embateu numa ilha de trânsito, e Evenepoel, terceiro classificado, que ficou para trás a 108 quilómetros do fim e optou por desistir, com muitas lágrimas, já no Tourmalet. Jonathan Milan (Lidl) voltou a ser o mais rápido no sprint intermédio e cimentou a liderança da classificação dos pontos, apesar da aproximação de Pogacar. Foi a partir daí que se formou um grande grupo na dianteira, com destaque para as presenças de Tobias Johannessen (Uno-X Mobility), Sepp Kuss e Simon Yates (Visma), Carlos Rodríguez (Ineos Grenadiers) e Enric Mas (Movistar).
❌ Evenepoel se baja de la bicicleta y abandona el Tour de Francia.#TDF2025 pic.twitter.com/Bx7ls5cokW
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À procura de pontos para regressar à liderança da camisola da montanha, Lenny Martinez (Bahrain-Victorious) foi o mais rápida a passar no alto do Tourmalet e d’Aspin, a solo, acabando depois alcançado por Kuss e Valentin Paret-Peintre (Soudal). No início para o alto de Peyresourde, Thymen Arensman (Ineos), Rodríguez, Ben O’Connor (Jayco AlUla) e Johannessen juntaram-se ao trio da frente. Arensman tratou de partir o grupo pouco depois, atacando a solo em direção ao topo, onde passou com uma confortável vantagem de 1.30 minutos para os perseguidores e 3.30 para o grupo dos favoritos, que seguia sem incidentes ao ritmo da Emirates. Apesar das condições adversas e da velocidade a rondar os 100 km/h, a descida não trouxe problemas, com as decisões a ficarem reservadas para Luchon-Superbagnère.
A subida começou com Pavel Sivakov (Emirates) e Matteo Jorgenson (Visma) a desfalcarem os blocos mais fortes, seguindo-se Victor Campenaerts (Visma), que deixou Vingegaard sozinho. A sete quilómetros do fim, o grupo principal alcançou os restantes fugitivos, restando apenas Arensman, que continuava com um ritmo regular e a ganhar 2.40 minutos. Felix Gall (Decathlon AG2R La Mondiale) foi o primeiro a atacar, não encontrando resposta. A vantagem desceu até ao fim, mas a vitória estava praticamente entregue ao fugitivo. Vingegaard atacou a quatro quilómetros do alto, com Pogacar a responder de pronto, e Florian Lipowitz (Red Bull-Bora-hansgrohe) a juntar-se mais à frente. O camisola amarela respondeu depois, alcançando Gall, com o dinamarquês a responder e a contra-atacar.
El ataque de Vingegaard con la respuesta a rueda de Pogacar.#TDF2025 pic.twitter.com/JMxghvJ2gT
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Na frente, Thymen Arensman somou a quarta vitória da carreira, a primeira no Tour, já depois de ter triunfado na Vuelta de 2022. Há dois anos que a formação britânica não triunfava na Grande Boucle. Na luta pelo segundo lugar, Pogacar foi mais forte ao sprint e ganhou quatro segundos na estrada ao rival, mais quatro em bonificações. Gall chegou a 1.19 minutos e Lipowitz a 1.25. Na geral, o esloveno tem agora 4.13 de vantagem para Jonas Vingegaard, com Florian Lipowitz a entrar no pódio, com mais 7.53. Oscar Onley (Picnic PostNL), a 9.18, Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels) , a 10.21, Primoz Roglic (10.34) e Felix Gall (12.00) também subiram um lugar com a desistência de Evenepoel.
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