AGU pede investigação sobre suspeita de lucro com dólar após tarifa de Trump

A Advocacia-Geral da União (AGU) vai solicitar uma investigação para apurar possíveis operações financeiras irregulares no Brasil com uso de informação privilegiada, relacionadas ao anúncio de taxação de 50% sobre importações brasileiras feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O pedido foi anunciado neste sábado (19) pelo ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, por meio da rede social X. Segundo ele, a atuação de investidores no mercado de câmbio brasileiro antes e depois do anúncio do governo americano precisa ser apurada pelas autoridades competentes.
A iniciativa da AGU vem após uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, veiculada na sexta-feira (18), revelar que houve compras em larga escala de dólares no Brasil poucas horas antes da divulgação oficial da nova tarifa. Logo após o anúncio, um grande volume de dólares foi vendido, gerando suspeitas de que investidores possam ter se beneficiado de informações antecipadas para lucrar no mercado.
Essas movimentações indicam um possível caso de insider trading, prática considerada criminosa por permitir vantagem injusta com base em dados não públicos.
Spencer Hakimian, fundador da Tolou Capital Management, foi um dos primeiros a identificar e expor os indícios nas redes sociais. Ele afirma que houve uma compra “ENORME” de dólares e uma venda a descoberto de reais por volta das 13h32 (horário de Nova York), cerca de três horas antes do anúncio oficial da tarifa. Segundo ele, a operação foi encerrada logo após a divulgação, com um lucro estimado entre 25% e 50%.
“A notícia sobre a tarifa foi divulgada antes no Brasil”, escreveu Hakimian. “Alguém claramente se antecipou ao mercado com informação privilegiada”.
Agora, o caso pode ser investigado por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central e o Ministério Público Federal, caso fique comprovado o uso indevido de informação sensível.
gazetadopovo