Como a Amazon gerou 35 mil empregos com investimento bilionário no Brasil

Criada pelo norte-americano Jeff Bezos, um dos empresários mais ricos do mundo, a Amazon revelou ter investido R$ 55 bilhões no Brasil desde 2015. O mais recente relatório de impacto econômico da empresa foi divulgado na última quinta-feira (31).

Do montante total, o equivalente a R$ 15 milhões diariamente, nos últimos 10 anos. Segundo Juliana Sztrajtman, presidente da Amazon.com.br, como é chamado o setor de e-commerce da empresa, esse investimento teve foco no crescimento da empresa no país.

“[O foco dos investimentos] foi infraestrutura, obviamente. E toda a parte de logística e pessoas. É isso que faz que estejamos presentes em todos os municípios”, diz Sztrajtman. A Amazon possui 200 polos logísticos no Brasil, dos quais 140 foram abertos nos últimos dois anos. São estes locais que auxiliam na distribuição de aproximadamente 150 milhões de opções de produtos que estão disponíveis no site da empresa.

Operando no país desde 2012, a companhia chegou aos poucos, apenas no digital. Gradualmente aumentou participação com vendas físicas, streaming e até oferecendo soluções digitais para empresas. Para dar conta e impulsionar o crescimento, a Amazon precisou contratar diretamente 5 mil pessoas e contar com o apoio de 30 mil colaboradores indiretos (que atuam por parceiras de logística, tecnologia e entretenimento).

“Cada investimento é pensado para gerar um impacto positivo e duradouro em diversos segmentos, seja criando empregos, impulsionando o empreendedorismo ou promovendo a inovação tecnológica”, afirma Sztrajtman. Segundo a executiva, a Amazon enxerga no Brasil um enorme potencial para continuar em crescimento, de olho nos 220 milhões de brasileiros.

A Amazon também revelou a divisão de seus investimentos por estado. O relatório juntou os números de seus serviços de varejo e da Amazon Web Services (AWS), que oferece soluções em tecnologias de armazenamento para empresas. Abaixo, os números da empresa por região:

• São Paulo - R$ 47 bilhões
• Pernambuco - R$ 2,1 bilhões
• Rio de Janeiro - R$ 1,7 bilhão
• Minas Gerais - R$ 1,4 bilhão
• Ceará - R$ 916 milhões
• Rio Grande do Sul - R$ 888 milhões
• Distrito Federal - R$ 460,7 milhões
• Paraná - R$ 90 milhões
• Bahia - R$ 90 milhões
• Goiás - R$ 81,7 milhões

Foco dos investimentos, o estado de São Paulo é onde a companhia possui presença mais robusta. É lá que estão seis centros de distribuição e 75 estações de entregas, locais que despacham os produtos da Amazon para os clientes.

A empresa também destaca o número do que chama sellers, que são os vendedores parceiros. São cerca de 100 mil micro, pequenas ou médias empresas brasileiras que vendem produtos na plataforma da companhia norte-americana. Em 2024, eles foram responsáveis por movimentar R$ 11,3 bilhões em vendas.

Quando chegou no Brasil, a Amazon teve dificuldades em encontrar mão de obra qualificada para tocar seus sistemas de informação. Para chegar ao patamar atual, precisou investir na capacitação de pessoas em tecnologias.

Segundo Cleber Morais, diretor-geral da AWS, além de auxiliar a expansão, esse movimento trouxe impactos sociais.“A AWS, nos últimos 14 anos, formou uma comunidade de 800 mil pessoas”, diz o diretor. O executivo pontua que a Amazon ajudou a formar profissionais especialistas em dados para empresas como Itaú e Ifood.

“O mundo da tecnologia demanda um conhecimento técnico muito forte. Nós começamos a, primeiro, formar os nossos sistemas internos e ajudar a formar os clientes. Mas, no momento seguinte, começamos a fazer parcerias com esses próprios clientes, pois eles precisavam ter pessoas capacitadas”, conta ele, à Gazeta do Povo.

Para o diretor, “o advento da capacitação em nuvem está muito consolidado no país”, indicando que o cenário é menos árido que há 14 anos. Porém, ele aponta que a grande questão é preparar o Brasil para ter pessoas capacitadas para trabalhar com inteligência artificial. Com isso em mente, ele revelou uma parceria da AWS com a empresa de software Alterdata, sediada no Rio de Janeiro. “Vamos treinar 30 mil pessoas em inteligência artificial”, projeta.