Os comentários de Trump sobre Epstein levantam novas questões sobre quando e por que eles se desentenderam

O presidente Donald Trump falou longamente esta semana sobre seu relacionamento com o acusado de tráfico sexual Jeffrey Epstein, mas seus relatos levantam novas questões sobre quando exatamente os dois se desentenderam e por quê.

Trump disse na segunda-feira que seu relacionamento com Epstein, que cometeu suicídio em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico de meninas e mulheres, azedou porque Epstein contratou alguns funcionários depois que ele o alertou explicitamente para não fazer isso.

Na terça-feira, Trump prosseguiu afirmando que Epstein "roubou" jovens mulheres que trabalhavam no spa de seu clube em Mar-a-Lago, na Flórida. "As pessoas foram tiradas do spa, contratadas por ele. Em outras palavras, sumiram", disse Trump a repórteres no Air Force One.

Uma dessas funcionárias, disse Trump, era Virginia Giuffre, uma acusadora de Epstein que afirmou ter sido recrutada por sua companheira, Ghislaine Maxwell, quando Giuffre era menor de idade e trabalhava como atendente de vestiário em Mar-a-Lago, em 2000. Maxwell, condenada por tráfico sexual de menores e agora cumprindo pena de 20 anos de prisão, negou as acusações. Giuffre cometeu suicídio em abril passado, aos 41 anos.

"Não sei. Acho que ela trabalhava no spa, acho que sim, acho que era uma das pessoas", disse Trump quando questionado sobre Giuffre, antes de dizer de forma mais contundente: "Sim, ele a roubou. E, a propósito, ela não tinha nenhuma reclamação sobre nós, absolutamente nenhuma."

De acordo com os registros da Previdência Social apresentados ao tribunal durante o processo de difamação de Giuffre contra Ghislaine Maxwell, ela trabalhou no Mar-a-Lago Club LLC em 2000 e recebeu US$ 1.866,50 durante aquele ano. A duração e as datas precisas de seu emprego no clube de Trump permaneceram em disputa quando o processo foi encerrado em 2017.

Giuffre — então conhecida como Virginia Roberts — posteriormente viajou bastante pelo mundo com Epstein e Maxwell nos dois anos seguintes, de acordo com registros de voo mantidos por um dos pilotos de Epstein, que foram inseridos em registros judiciais em casos civis e criminais.

Os comentários de Trump foram feitos depois que a Casa Branca disse, na semana passada, que Epstein foi expulso de Mar-a-Lago por ser um "esquisito".

Questionado sobre a discrepância entre o raciocínio da Casa Branca para sua separação de Epstein e o seu próprio, de que Epstein roubou seus funcionários, Trump disse na terça-feira que "é um pouco da mesma coisa".

Ao contar aos repórteres que Epstein recrutava jovens funcionárias, Trump disse que "as pessoas vinham reclamar: 'esse cara está tirando as pessoas do spa'. Eu não sabia disso."

"E então, quando soube disso, contei a ele: 'Escute, não queremos que você leve nosso pessoal, seja em um spa ou não'. Não quero que ele leve pessoas. E ele ficou tranquilo. E não muito tempo depois, ele fez de novo e eu disse: 'Fora daqui'", disse Trump.

Mas comentários anteriores de Trump sugeriram que seu desentendimento com Epstein ocorreu vários anos depois disso.

Em 2002, Trump elogiou Epstein em um perfil publicado na revista New York sobre o financista falecido e criminoso sexual condenado.

"Conheço o Jeff há quinze anos. Um cara incrível", disse Trump à revista. "É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens. Não há dúvida — Jeffrey gosta da vida social."

Em 2004, os dois homens se tornaram rivais por uma propriedade na Flórida, conforme relatado pelo Washington Post . Trump acabou arrematando a propriedade em um leilão.

Em 2019, quando Epstein foi preso sob acusações federais, Trump disse que não falava com Epstein há 15 anos.

"Eu o conhecia como todo mundo em Palm Beach o conhecia. Quer dizer, as pessoas em Palm Beach o conheciam. Ele era uma figura conhecida em Palm Beach", disse Trump no Salão Oval. "Tive um desentendimento com ele há muito tempo. Acho que não falo com ele há 15 anos. Eu não era fã. Eu não era, sim, há muito tempo, eu diria que talvez 15 anos. Eu não era fã dele, isso eu posso te garantir. Eu não era fã dele."

Questionado na época sobre o motivo da briga e por que Epstein foi banido de Mar-a-Lago, Trump respondeu: "Francamente, o motivo não faz diferença alguma."

A ABC News entrou em contato com a Casa Branca para comentar as explicações de Trump sobre sua desavença com Epstein.

James Hill, da ABC News, contribuiu para esta reportagem.