Milei viaja para os EUA em busca de um empréstimo multimilionário e do apoio de Trump.

O presidente argentino Javier Milei iniciou uma viagem crucial aos Estados Unidos neste domingo com o objetivo de garantir um empréstimo de US$ 30 bilhões. A missão não é apenas de natureza econômica, mas também política: garantir o apoio do governo Donald Trump em um momento em que seu governo atravessa turbulência interna, crise financeira e forte erosão da opinião pública.

O presidente viaja acompanhado de seu ministro da Economia, Luis Caputo, que elaborou o quadro financeiro atualmente em crise. A Casa Branca estaria disposta a aprovar o empréstimo se a Argentina cumprir duas condições delicadas: uma reforma ministerial e um distanciamento comercial com a China, considerada a maior rival econômica de Washington. Essa medida permitiria a Milei honrar o pagamento da dívida e aumentar as reservas do Banco Central, embora isso significasse um endividamento ainda maior do país.

A turnê acontece em um dos piores momentos de sua gestão. Em Córdoba, Milei tentou relançar a campanha eleitoral de sua aliança La Libertad Avanza/PRO, mas a participação foi mínima. Enquanto isso, uma pesquisa do Centro de Estudos de Opinião Pública (CEOP) revelou que mais de 53% dos argentinos consideram sua gestão "muito ruim", enquanto os índices gerais de desaprovação ultrapassam 60%. Sua popularidade caiu para 39%, seu menor nível desde que assumiu o cargo.

Terça-feira será o ponto alto: Milei finalmente se encontrará com Donald Trump. O encontro visa demonstrar força política em um contexto adverso. Antes, o presidente argentino se reunirá com Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional, e com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que também lhe concederá a honraria "Cidadão Global 2025" do Atlantic Council. A agenda também inclui um discurso perante a Assembleia Geral da ONU e reuniões com líderes judeus em Nova York.

A viagem representa uma tentativa de relançar sua narrativa de liderança global, mas os desafios internos persistem: inflação persistente, protestos crescentes, falta de maioria no Congresso e um eleitorado que lhe deu as costas em distritos-chave. Para Milei, o sucesso desta viagem pode se tornar um ponto de virada ou mais um exemplo do desgaste de um projeto político que prometia ajustes sem custos e agora enfrenta a dura realidade de uma sociedade em crise.