Relatório revela os motivos que os colombianos dão para deixar o país e seus destinos mais desejados

Em 2022, a Colômbia quebrou o recorde de emigração nacional, com mais de 547.000 pessoas emigrando do país por canais regulares, 70% a mais que os níveis médios anuais registrados antes da pandemia de COVID-19.

Embora as saídas tenham diminuído em 2024, naquele ano estimava-se que mais de 1.000 colombianos por dia deixavam o país com a intenção de se estabelecer no exterior.

Além disso, nos últimos quatro anos , o número de colombianos migrando para a América Central e do Norte pelo Rio Darién aumentou em mais de 10.000%, passando de 169 pessoas em 2021 para 17.529 em 2024.

Enquanto isso, na fronteira sul dos Estados Unidos, os "encontros" com colombianos aumentaram progressivamente até 2023, passando de 400 em 2019 para 154.000 em 2023, o maior número já registrado.

Um relatório do Centro de Migração Mista para a América Latina destaca que a maioria dos que deixaram o país trabalhava em pequenos negócios, como lojas ou serviços de buffet. Também na agricultura, construção, direção, segurança, trabalho doméstico ou limpeza.

"Deixei meu país por causa de conflitos com grupos armados organizados. Eu era constantemente extorquido e minha família era ameaçada, então decidi partir para a Argentina em busca de um futuro melhor e para proteger minha vida", disse um colombiano de 24 anos entrevistado na Bolívia.

O relatório também revela que a migração colombiana é altamente influenciada por uma combinação de fatores econômicos e violência.

Quarenta e um por cento das pessoas entrevistadas pelo Centro de Migração Mista para a América Latina mencionaram uma combinação de pelo menos ambos os fatores como principais motivos para deixar o país.

Entre aqueles que citaram razões econômicas (74% de todos os entrevistados), 82% achavam que não ganhavam dinheiro suficiente em seu emprego atual.

Vivíamos em uma área onde conflitos armados e gangues criminosas faziam parte da vida cotidiana.

Além disso, 62% de todos os entrevistados deixaram a Colômbia devido à violência, insegurança e conflito. Dentro desse grupo, 71% viviam em áreas rurais.

"Vivíamos em uma área onde conflitos armados e gangues criminosas faziam parte do cotidiano. As ameaças constantes, o medo de confrontos e a violência que nos cercava nos faziam sentir que nossas vidas não tinham futuro", disse uma colombiana de 37 anos entrevistada no México.

Como resultado dessa situação, ela decidiu partir para os Estados Unidos na esperança de encontrar não apenas segurança, mas também novas oportunidades para seus filhos.

Outros motivos citados pelos colombianos para deixar o país incluem motivos pessoais ou familiares, falta de acesso a serviços/corrupção, restrições de direitos e liberdades, cultura de migração e desastres naturais ou fatores ambientais.

De acordo com o Centro de Migração Mista para a América Latina, a falta de acesso a serviços e a corrupção foram mais relatadas por aqueles que vivem em áreas rurais do que por aqueles que vivem em áreas urbanas.

Além disso, desastres naturais e fatores ambientais foram relatados com mais frequência como motivos para a migração por colombianos em comparação com outras nacionalidades pesquisadas.

Mas a decisão de migrar para outro país não é tomada da noite para o dia; torna-se uma alternativa final quando não há outras oportunidades na Colômbia.

Por exemplo, daqueles que migraram devido à violência, insegurança e conflito, 58% tentaram se mudar para outra cidade para melhorar suas condições de vida , e 54% buscaram refúgio em um local considerado mais seguro dentro do país.

Além disso, entre aqueles que migraram por razões econômicas, 65% consideraram procurar outro emprego e 45% consideraram abrir um negócio.

"Altos níveis de desemprego e inflação são barreiras para que as pessoas resolvam sua situação econômica, forçando-as a migrar para outros países em busca de melhores oportunidades", afirma o Centro de Migração Mista para a América Latina.

Também houve aqueles que decidiram tomar um empréstimo (13%), prosseguir com a formação contínua (11%) ou vender terras, gado ou outros bens (9%).

O relatório do Centro de Migração Mista para a América Latina também destaca que os Estados Unidos são o país para onde a maioria dos colombianos migra, seguido pelo Chile, Brasil, Peru, Argentina, Canadá, Bolívia e Uruguai.

“Tivemos que nos mudar para Medellín porque eles estavam me seguindo para me matar. Quando cheguei em Medellín, me reconheceram como indígena e deslocada. Meu sonho era aprender mais, ir para o Canadá, Espanha ou Estados Unidos para melhorar minha situação e ajudar minha comunidade”, disse uma mulher de 37 anos entrevistada na Costa Rica.

A maioria das pessoas (71%) selecionou seu destino com base em oportunidades econômicas, enquanto quase metade dos entrevistados (49%) selecionou sua rota porque a considerou a opção mais econômica.

Meu sonho era aprender mais, ir para o Canadá, Espanha ou Estados Unidos para melhorar minha situação.

Além disso, 20% dos entrevistados escolheram sua rota para evitar serem detectados em postos de controle de imigração, o que contrasta com os direitos dos colombianos à livre circulação na região.

Daqueles que deixaram o país devido à violência, insegurança e conflito, 54% pretendiam buscar asilo em algum momento ao longo do caminho, e 20% já o haviam solicitado.

Em detalhes, a maioria das pessoas que se dirigiam aos Estados Unidos pretendiam solicitar asilo em algum momento da rota (45 de 63).