Árvores amareladas, folhas caindo... Por que agosto parece um "outono falso"

As paisagens já estão adornadas com tons outonais. Em meados de agosto, as calçadas estão cobertas de folhas mortas. Esse fenômeno, apelidado de "falso outono", e agora comum na França, não está ligado à mudança de estação, mas à seca, que deixa os gramados amarelos e causa a queda prematura das folhas.
No outono, esse fenômeno é natural. À medida que os dias ficam mais curtos, as árvores não recebem mais tanta luz quanto nos meses anteriores. Seu metabolismo desacelera, a fotossíntese diminui e a clorofila, responsável pelo verde das folhas, desaparece. Os pigmentos, antes ocultos, são revelados, oferecendo tons de amarelo e laranja. Essas novas cores também desempenham um papel protetor, ajudando as árvores enfraquecidas a se defenderem contra micróbios e herbívoros.
Tornando-se inúteis para a produção de energia e frágeis diante do frio, as folhas acabam se desprendendo dos galhos. Sua queda permite que a árvore economize seus recursos, ao mesmo tempo em que elimina alguns parasitas, como fungos e insetos, reduzindo assim o aparecimento de doenças no ano seguinte .
No verão, porém, as folhas devem apresentar um verde brilhante, nutridas pela clorofila, o que lhes permite armazenar energia por meio da fotossíntese. Mas o aumento das ondas de calor e da seca interrompe esse ciclo.
Na França, as árvores, adaptadas a um clima temperado, estão com dificuldades para se adaptar. Privadas de água, suas folhas secam, amarelam e caem, limitando a "evapotranspiração", um fenômeno que ajuda as plantas a se resfriarem durante os períodos quentes. É um reflexo de sobrevivência para conservar a umidade máxima.
Esse mecanismo não é isento de perigos. Em períodos de calor intenso, as folhas não conseguem mais se resfriar e atingem temperaturas capazes de queimar seus tecidos. Pior ainda, as árvores correm o risco de "embolia vascular" : a falta de água pode causar bolhas de ar nos vasos que transportam a seiva e impedir que a água chegue a órgãos como as folhas. Se a embolia atingir o tronco, a morte da árvore torna-se inevitável.
As mudanças climáticas, que tornam as ondas de calor e as secas mais intensas e frequentes, são um fator agravante nesses "falsos outonos", que ocorrem cada vez mais cedo a cada ano. Os efeitos desses episódios podem ser duradouros. Algumas árvores que se pensava terem se recuperado acabaram morrendo, sem nunca se recuperarem totalmente de grandes secas como a de 2003.
La Croıx