Rating francês ameaçado de rebaixamento nesta sexta-feira

A Fitch, a menor das três agências internacionais de classificação de risco, abre o jogo nesta sexta-feira. Todas elas, considerando a situação das finanças públicas francesas e a crise política em curso desde a dissolução, classificam a França com nota AA- ou equivalente (qualidade da dívida "alta ou boa"), com, para algumas como a Fitch, uma "perspectiva negativa". Isso prenuncia um rebaixamento: nesse caso, a França se enquadraria na categoria A (qualidade "média superior") e teria que pagar aos investidores em sua dívida um prêmio de risco mais alto, aumentando os pagamentos dessa dívida em conformidade.
Para Eric Dor, diretor de estudos econômicos da Escola de Administração IESEG, um rebaixamento seria "lógico". Primeiro, porque a situação política não é propícia à implementação de "um plano de consolidação fiscal confiável", como a Fitch exigiu em março. Mas também para apagar "uma inconsistência" : 17 países europeus têm classificação inferior à da França, embora tenham – com pouquíssimas exceções – índices de finanças públicas melhores do que o déficit público de 5,8% do PIB e a dívida pública de 113% do PIB registrados na França em 2024.
Desde terça-feira, a rápida nomeação de Sébastien Lecornu para Matignon, para suceder François Bayrou, que foi derrotado no dia anterior no voto de confiança, reacendeu as esperanças de um orçamento para 2026 apresentado dentro do prazo. Lucile Bembaron, economista da Asterès, considera "plausível" que a Fitch "aguarde mais visibilidade política" antes de agir. Isso é especialmente verdadeiro, observa Hadrien Camatte, economista da Natixis para a França, porque as finanças públicas não sofreram nenhuma nova queda inesperada este ano e "o crescimento está se mantendo".
O INSEE chegou a anunciar na quinta-feira que, apesar da "falta de confiança" generalizada, a taxa poderia superar a previsão do governo cessante de 0,7%, chegando a 0,8% este ano. Anthony Morlet-Lavidalie, chefe da França no instituto Rexecode, também observa que a Fitch, a menor das três principais agências internacionais de classificação de risco, "raramente dá sinal verde" para rebaixamentos. Mas ele acredita ser "muito provável" que a principal agência, a S&P Global, rebaixe suas classificações durante sua própria revisão em 28 de novembro.
Segundo seus cálculos, a França não conseguirá reduzir seu déficit público para menos de 5% no próximo ano, em comparação com os 4,6% esperados por François Bayrou. Economistas, no entanto, sustentam que uma deterioração não incomodaria os mercados, "que já a precificaram ", observa Maxime Darmet, economista sênior da Allianz Trade.
A dívida francesa já está sendo negociada a uma taxa muito mais cara do que a dívida alemã, superando inclusive a taxa da dívida italiana em um dia na terça-feira. Os mercados já estão atribuindo à França uma "classificação implícita" muito inferior à sua classificação atual de AA-, acredita o Sr. Morlet-Lavidalie. Ele teme que as taxas permaneçam "permanentemente muito altas", causando "um estrangulamento progressivo", com os pagamentos de juros capturando "uma parcela significativa dos gastos públicos, enquanto temos necessidades consideráveis em outras áreas". O economista descreve uma França vítima da "síndrome do mau aluno".
"Quando tínhamos 20/20", explica ele — a França tinha a classificação AAA até 2012, a mais alta que a Alemanha ainda possui — "fizemos de tudo para mantê-la. Agora dizemos que 17/20 (AA-) ainda é uma classificação muito boa. Em breve, será 'desde que estejamos acima da média, não é tão ruim'. Quando se é a França, na zona do euro, ainda se deve ser um pouco mais ambicioso do que isso!", diz ele à AFP. No entanto, mesmo rebaixada para A+, "a dívida francesa ainda seria de muito boa qualidade", relativiza Hadrien Camatte, preferindo enfatizar "a forte poupança das famílias e uma posição das empresas que permanece muito saudável".
Libération