Vice-líder da oposição polonesa indiciado por divulgação de planos militares confidenciais

O vice-líder do principal partido de oposição da Polônia, Lei e Justiça (PiS), Mariusz Błaszczak, foi indiciado por abuso de poder ao divulgar documentos militares confidenciais.

A acusação alega que Błaszczak abusou de sua autoridade como ministro da Defesa em 2023 para beneficiar o então governante PiS durante sua campanha eleitoral parlamentar. Se for considerado culpado, ele poderá pegar até dez anos de prisão.

Três outros funcionários públicos foram indiciados junto com Błaszczak, que alega que o caso tem motivação política.

O caso envolve a publicação de trechos dos planos militares da Polônia da época em que a Plataforma Cívica (PO) estava no poder. Błaszczak alegou que eles mostravam como o antigo governo do PO planejava abrir mão de metade da Polônia em caso de invasão russa. Quando publicou os planos, o PO era o principal partido da oposição.

Os promotores consideraram que, ao fazê-lo, Błaszczak “agiu em detrimento do interesse público e causou danos excepcionalmente graves à República da Polônia”.

Eles disseram que Błaszczak procurou “obter ganho pessoal” por meio do “uso de trechos de documentos de planejamento operacional de nível estratégico retirados do contexto para desacreditar publicamente seus oponentes políticos e, assim, promover seu partido político”.

Os promotores acrescentaram que a decisão de Błaszczak de desclassificar um documento ultrassecreto teve consequências negativas para “a segurança interna e externa da República da Polônia, a estabilidade política, a confiança pública e a posição da Polônia no cenário internacional”.

Além de Błaszczak, outros três indivíduos foram indiciados no caso, incluindo Sławomir Cenckiewicz , o principal conselheiro de segurança do novo presidente alinhado à oposição, Karol Nawrocki .

“Sem as ações e a iniciativa desses indivíduos, a desclassificação e a subsequente divulgação de trechos de documentos de planejamento operacional de nível estratégico não teriam ocorrido”, disseram os promotores.

Eles acusam Cenckiewicz de abusar de sua autoridade como então diretor do Escritório de História Militar ao ajudar a facilitar a desclassificação ilegal de documentos militares e de usar os materiais para ganho pessoal na série de televisão Reset , que ele cocriou.

Błaszczak, que atuou como ministro da Defesa de 2018 a 2023, quando o PiS foi substituído no poder por uma nova coalizão liderada por Donald Tusk, rejeitou o caso como politicamente motivado.

“Isto não é uma acusação, mas um ato de vingança de Donald Tusk contra mim que foi levado ao tribunal”, escreveu ele no X. “Este é o preço que estou pagando por revelar os planos do primeiro governo do PO-PSL de entregar quase metade da Polônia sem lutar.”

Cenckiewicz também afirmou que o caso era “ puramente político e motivado por vingança ”, acrescentando que estava “satisfeito” por agora poder “defender-se em tribunal nas condições estabelecidas por lei”.

"Eu era e sou inocente! Nunca infringi a lei!", escreveu ele ao X.

Crédito da imagem principal: MON (sob CC BY-NC-ND 3.0 PL )