Meloni compromete-se com segurança de italianos em flotilha

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A primeira-ministra italiana garantiu esta quinta-feira que o seu Governo fará o possível para proteger os italianos participantes na flotilha que pretende levar ajuda humanitária a Gaza, embora tenha defendido a utilização dos canais humanitários existentes.
Giorgia Meloni assegurou que “serão tomadas todas as medidas para proteger e garantir a segurança dos cidadãos italianos no estrangeiro em tais situações, como sempre foi garantido até agora”.
A chefe do Governo italiano respondia a uma carta aberta de Elly Schlein, líder do Partido Democrático (PD, centro-esquerda, principal força da oposição), a questionar o que fará o Governo italiano para proteger a frota, depois de Israel ameaçar deter os participantes da Global Sumud Flotilla (“Sumud” é uma palavra árabe para resiliência) e tratá-los como suspeitos de terrorismo.
Embora aponte que “utilizar os canais humanitários existentes, e não apenas os do Governo italiano, evitaria expor os participantes na iniciativa Global Sumud Flotilla aos riscos de viajar para uma zona de crise e ao consequente encargo para as várias autoridades estatais envolvidas em garantir a proteção e a segurança”, a primeira-ministra italiana reconheceu que “a iniciativa também pode ter um objetivo simbólico ou político”.
Meloni lembrou que a Itália já desempenha um papel de destaque na ajuda humanitária aos palestinianos através da iniciativa “Food for Gaza”, que permitiu a distribuição de mais de 200 toneladas de produtos de primeira necessidade, alimentos e suprimentos médicos, mesmo nas zonas mais isoladas e de difícil acesso da Faixa.
Na frota de dezenas de embarcações rumo a Gaza, para quebrar o bloqueio israelita à Faixa, participam numerosos cidadãos italianos, incluindo quatro deputados, entre os quais dois do PD, Annalisa Corrado e Arturo Scotto, além de Benedetta Scuderi (Aliança Verde Esquerda) e Marco Croatti (Movimento 5 Estrelas).
Da Sicília, partem no domingo cerca de 15 embarcações que vão integrar a flotilha, com cerca de 200 voluntários a bordo, e aos quais se juntam outros cinco barcos, que partem no mesmo dia dos portos de Génova e La Spezia, no norte do país.
A organização Global Movement to Gaza, uma das que promoveu a Global Sumud Flotilla, denunciou a presença de drones a sobrevoar as embarcações que partiram de Barcelona e que estão atualmente perto das costas das ilhas espanholas das Baleares, também denunciada pela deputada portuguesa Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que integra a flotilha.
Já em Itália, a Aliança Verde Esquerda denunciou que vários aviões militares israelitas sobrevoaram na terça-feira a Sicília e aterraram na base militar de Sigonella (sul de Itália), numa operação que considerou poder estar relacionada com a Global Sumud Flotilla, tendo pedido explicações ao Governo de direita radical liderado por Meloni.
Um porta-voz do partido considerou inaceitável o uso de território italiano por parte da aviação militar israelita e questionou se esteve em causa uma operação para “espiar a flotilha” ou para “carregar material bélico”, comentando que, em qualquer dos casos, tal significaria “uma gravíssima cumplicidade de Itália”.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do grupo islamista Hamas em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez mais de 63 mil mortos.
A 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza, depois de os especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontram numa situação catastrófica.
observador