Lula aguarda a volta do Congresso para definir se usará Lei da Reciprocidade contra os EUA

O governo Lula (PT) decidiu não anunciar nenhuma medida contra o tarifaço imposto por Donald Trump antes do reinício do semestre legislativo, em 4 de agosto — próxima segunda-feira, dois dias antes da entrada em vigor das novas tarifas. A estratégia é clara: aguardar o retorno do Congresso para garantir apoio institucional dos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), antes de qualquer retaliação aos Estados Unidos.
Nos bastidores, ainda há incerteza se a aplicação imediata da Lei da Reciprocidade Econômica é o melhor caminho a seguir. O diagnóstico foi feito em reunião, nesta quinta-feira 31, de Lula com ministros no Palácio do Planalto.
Participaram do encontro Fernando Haddad (Fazenda); Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais); Rui Costa (Casa Civil); Alexandre Padilha (Saúde); e Sidônio Palmeira (Secretaria da Comunicação Social). O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, também participou, já que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) estava concedendo entrevista à Ana Maria Braga, na Globo, pela manhã.
Lula recebeu um panorama dos possíveis desdobramentos de uma escalada tarifária com os EUA. As hipóteses sobre a mesa são as mesmas discutidas em uma reunião anterior: três possíveis reações, da mais radical à mais branda.
O Planalto, no entanto, aposta na disposição de Motta e Alcolumbre para construir uma resposta política sólida. Na terça-feira 29, o presidente da Câmara discursou na ONU, em Genebra, e disse que o Brasil está preparado para responder a práticas comerciais discriminatórias contra seus produtos. Citou especificamente a Lei da Reciprocidade e disse que a resposta do País será “serena, mas firme”.
Já Alcolumbre defendeu, na quarta 30, uma “solução equilibrada” para o tarifaço. Apesar da posição pública leve, a avaliação é que o presidente do Senado estaria do lado do governo em qualquer uma das alternativas aventadas.
Por ora, Lula concentra esforços em proteger empregos e socorrer empresas brasileiras que possam ser atingidas pelas tarifas. A orientação no Planalto é clara: ganhar tempo, construir unidade política e evitar respostas precipitadas — sem, contudo, abrir mão da soberania nacional.
CartaCapital