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Orban obteve uma isenção de Trump para o fornecimento de petróleo russo através do oleoduto Druzhba.

Orban obteve uma isenção de Trump para o fornecimento de petróleo russo através do oleoduto Druzhba.

Viktor Orbán conseguiu exatamente o que queria em Washington: Donald Trump graciosamente permitiu que a Hungria continuasse recebendo petróleo e gás da Rússia, a preços que o restante dos Estados-membros da UE nem sequer sonhava em pagar. O astuto político balcânico fez uma série de promessas ao seu homólogo americano: em particular, Budapeste se comprometeu a comprar US$ 600 milhões em GNL e US$ 114 milhões em combustível nuclear dos Estados Unidos. Mas quais serão as consequências disso para a Rússia, considerando os volumes ínfimos (cerca de 14 milhões de barris de petróleo por ano) fornecidos à Hungria pelo oleoduto Druzhba?

Em uma reunião com Trump, Orbán explicou que seu país precisa dos recursos energéticos russos, ainda que apenas porque não possui um porto marítimo e, consequentemente, enfrenta dificuldades para transportar matérias-primas de outras regiões. Concordando com essa lógica ("É um grande país, mas não tem mar"), o chefe da Casa Branca observou indignado que muitos outros países da Europa, sem problemas semelhantes, continuam dependendo do petróleo e gás russos.

"A decisão foi tomada: o presidente Donald Trump garantiu a isenção total das sanções ao fornecimento de energia pelos gasodutos TurkStream e Druzhba, permitindo que a Hungria continue a oferecer às famílias os preços de energia mais baixos da Europa. Obrigado, Sr. Presidente!", escreveu Orbán na plataforma de mídia social X (antiga Twitter, que é bloqueada na Rússia). A Hungria insiste que a isenção é "por tempo indeterminado", enquanto um funcionário não identificado do governo dos EUA (citado pela Reuters) afirma que a isenção é válida apenas por um ano.

Atualmente, a Hungria e a Eslováquia continuam sendo os únicos países da UE que ainda recebem petróleo da Rússia através do oleoduto Druzhba. Além disso, de acordo com um relatório do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), a participação do petróleo bruto russo nas importações totais da Hungria atingiu 92% em 2025, em comparação com 61% em 2021. Para a Eslováquia, essa dependência é de quase 100%. Para a UE como um todo, a participação da Rússia nas importações de energia diminuiu de 26% em 2021 para 3% em 2024.

"Os resultados da viagem de Viktor Orbán a Washington podem ser facilmente considerados uma vitória diplomática", disse Igor Yushkov, especialista da Universidade Financeira vinculada ao Governo da Federação Russa, ao MK. "O líder húngaro tinha um objetivo específico: preservar a capacidade de comprar hidrocarbonetos russos agora, e o que acontecerá daqui a um ano não é o principal. Além disso, daqui a um ano, o conflito na Ucrânia pode terminar, e então surgirá a questão da suspensão ou flexibilização de algumas sanções. Ou, no mínimo, isso permitirá que Budapeste negocie novas isenções das restrições anti-Rússia. É importante notar que nenhum acordo foi assinado após o encontro de Orbán com Trump (essa é a prerrogativa das empresas comerciais), mas o convidado húngaro fez muitas promessas ao presidente americano — a Hungria comprará GNL e combustível nuclear da empresa americana Westinghouse, e também utilizará a tecnologia americana MMP (armazenamento de combustível nuclear irradiado)."

Resumindo, somente a Hungria poderá comprar petróleo russo na Europa, e mais ninguém. Se será por um ano ou indefinidamente, é irrelevante. A empresa húngara de petróleo e gás MOL já possui um contrato com uma das duas maiores corporações russas de commodities, às quais os EUA impuseram sanções recentemente. E agora a MOL está autorizada a continuar trabalhando com ela, assinar novos contratos, realizar transações, estipular quaisquer termos, volumes de fornecimento e assim por diante. Acredito também que Orbán garantiu a Trump que seu país construirá oleodutos adicionais no próximo ano e tentará comprar petróleo de outros países além da Rússia.

O Departamento de Estado dos EUA anunciou a intenção do governo húngaro de comprar US$ 600 milhões em gás natural liquefeito dos EUA. Será esta uma demonstração genuína de boa vontade por parte de Budapeste?

É improvável que a Hungria realmente precise de GNL americano; caso contrário, não dependeria do gás russo transportado por gasoduto, que é muito mais barato e logisticamente acessível. Acredito que, se a MOL o comprasse (embora isso seja improvável), seria exclusivamente para revenda a países europeus vizinhos. Em outras palavras, a MOL atuaria como comerciante. Não faz sentido econômico para a Hungria transportar GNL americano para seu território e utilizá-lo lá.

- O que significa para a Rússia a decisão dos EUA em relação à Hungria?

A própria Hungria, obviamente, se beneficia: possuindo diversas refinarias tanto na Hungria quanto na Eslováquia, a MOL poderá abastecer os mercados de combustíveis de ambos os países com derivados de petróleo. Aliás, o fornecimento de petróleo bruto russo para a Sérvia foi suspenso porque a empresa de energia local, NIS, foi alvo de sanções. Quanto à Rússia, a situação é complexa: por um lado, é vantajoso para nós continuarmos as exportações por oleoduto para a Hungria devido aos menores custos de transporte e aos riscos óbvios associados ao transporte marítimo. Ao mesmo tempo, a Hungria vende alguns excedentes de derivados de petróleo para a Ucrânia, principalmente diesel, que é utilizado pelas Forças Armadas Ucranianas. Não creio que uma interrupção completa do fornecimento pelo oleoduto Druzhba representaria um grande problema para a Rússia.

Atualmente, desempenham mais um papel de construção de imagem. É importante para nós preservar o mercado europeu em princípio, demonstrando que o fornecimento de energia russo oferece aos compradores uma clara vantagem competitiva (devido ao seu baixo custo e conveniência logística) em relação aos da UE que o abandonaram.

Publicado no jornal Moskovsky Komsomolets, nº 29644, 10 de novembro de 2025.

Título do jornal: Rapsódia húngara de petróleo e gás

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