A cúpula climática começa em um local único: a floresta amazônica.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou para os líderes mundiais presentes na cerimônia de abertura. Ele afirmou que eles falharam em limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius. "Isso é uma falha moral e uma negligência fatal", disse Guterres. Mesmo assim, ele acredita que o mundo ainda pode limitar as mudanças climáticas.
Ele também criticou o setor de combustíveis fósseis. "A indústria de combustíveis fósseis gasta bilhões em lobby, enganando o público e obstruindo o progresso." O tempo de negociação acabou, disse Guterres; é hora de "implementação", ou seja, de cumprir os acordos.
30ª Cúpula do ClimaO presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que esta 30ª Cúpula do Clima acelerará ainda mais a transição para fontes de energia mais limpas e que o Brasil reafirmou seu compromisso com a proteção da natureza e do clima.
Na preparação para a cúpula, relatos alarmantes voltaram a surgir. No início desta semana, ficou claro que apenas um terço dos países havia apresentado suas novas metas climáticas, conforme acordado. Também ficou evidente que o limite de aquecimento de 1,5 grau, fortemente recomendado pelos cientistas do clima, será ultrapassado.
O Brasil, país anfitrião, tem metas ambiciosas para a cúpula e espera lançar um novo plano florestal, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Esse fundo de investimento para florestas tropicais visa combater o desmatamento.
Organização caóticaNo entanto, o número de chefes de Estado e de governo presentes na cúpula, menos de 60, é significativamente menor do que no ano passado, quando líderes de 75 países participaram. A cúpula também sofre com problemas de organização e escassez de quartos de hotel.
O presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou sua participação; ele já havia anunciado a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima. Espera-se que o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, compareçam. O primeiro-ministro Dick Schoof também estará presente.
O vice-primeiro-ministro Din Xuexiang vem da China. A grande questão é se a China e a UE assumirão papéis de liderança e preencherão o vácuo deixado pelos EUA. Este é um dos motivos pelos quais a União Europeia estava tão ansiosa para concordar ontem com uma nova meta climática para 2040.
Respire aliviado.Com base nisso, a UE agora também tem uma nova meta intermediária para 2035: uma redução nas emissões de gases de efeito estufa entre 66% e 72%. Tanto o Comissário para o Clima, Wopke Hoekstra, quanto a Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, respirarão aliviados: eles não chegarão de mãos vazias ao Brasil.
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Além do desmatamento e da falta de planos climáticos, a cidade brasileira de Belém volta a ser um foco de problemas financeiros. A desigualdade global e a relação entre dinheiro e emissões são um problema persistente para muitos países em desenvolvimento. Por exemplo, os 0,1% mais ricos do mundo emitem mais CO2 por dia do que os 50% mais pobres em um ano inteiro, segundo cálculos recentes da Oxfam Novib.
A "adaptação" também é um tema importante, referindo-se à capacidade de lidar com as consequências das mudanças climáticas. No ano passado, foi acordado que os países ricos contribuiriam coletivamente com US$ 300 bilhões (€ 260 bilhões) anualmente. Os países em desenvolvimento também terão que passar por uma transição energética e já estão sofrendo danos causados por eventos climáticos extremos.
nomeação vagaMas, segundo especialistas, o acordo alcançado em Baku, capital do Azerbaijão, é bastante vago. Além disso, o valor ficou muito aquém do que os países em desenvolvimento consideram necessário. Por isso, no ano passado, foi feito um apelo para que o montante fosse elevado para 1,3 trilhão de dólares.
Ficou também acordado que essas promessas seriam posteriormente desenvolvidas em um "Roteiro Baku a Belém", que ocupa lugar de destaque na agenda do Brasil. Uma questão fundamental, por exemplo, é como e por quem esse dinheiro será pago.
Eventos climáticos extremos estão se tornando mais graves devido às mudanças climáticas e estão causando mortes. Já fizemos este vídeo sobre isso:
Entretanto, cientistas apontam para a crescente urgência do problema climático. Florestas como as da Amazônia estão absorvendo cada vez menos CO2. Há temores de que a floresta tropical esteja se aproximando de um ponto de inflexão. Devido ao desmatamento, ao calor e à seca, a floresta pode se tornar uma fonte adicional de emissões, em vez de um sumidouro de CO2.
Pontos de inflexão no climaUm relatório sobre esses tipos de pontos de inflexão climáticos será apresentado na cúpula. Outros exemplos de potenciais pontos de inflexão incluem recifes de coral sofrendo com o aquecimento das águas oceânicas, a possível estagnação da corrente oceânica AMOC e o derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental.
A perda de gelo terrestre na Antártida está causando a elevação do nível do mar. De acordo com o Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos (KNMI), um estudo recente mostra que o colapso de duas grandes geleiras no Polo Sul é agora inevitável. Isso fará com que o nível global do mar suba em pelo menos 1 metro e, nos Países Baixos, em até 1,25 metro.




