Ucrânia por um fio?

Há indicações claras – até no discurso de Zelensky – de que a situação militar da Ucrânia, no Sul e no Leste, pode colapsar em algumas frentes, o que daria todos os motivos a Putin e a Trump para adiarem qualquer conversa.
O «ativo» de Moscovo, como lhe chamou muito bem o nosso PR, já pouco fala da situação e agora limita-se a vender armas aos ucranianos. A ajuda terminou; agora é tudo ao preço da mercearia. O presidente ucraniano vai reunir-se com os seus homólogos e primeiros-ministros aliados na próxima quinta-feira, em Paris, e certamente, nessa altura, clarificará a situação no terreno.
Há poucos dias, Zelensky chamou a atenção para a concentração maciça de tropas russas na zona Leste – mais de cem mil soldados e equipamentos equivalentes – e isso deve ser tomado pelo seu valor real. Há uma pressão difícil de sustentar no Donetsk, e os russos querem abrir uma nova frente no Leste, mais próxima de cidades muito importantes e até de Kiev.
Ou surgem rapidamente as garantias de segurança – nem vale a pena aguardar pelos prazos sucessivamente adiados por Trump – dadas pelos aliados europeus e outros, com tudo o que isso implica, ou Putin começa a acreditar que pode vencer na Ucrânia, e depois na Moldova, Polónia, Lituânia, Finlândia e outros Estados. Trump só veio para atrapalhar, fingir que baralha e deixar que o tempo favoreça Moscovo. De Paris tem de sair um acordo de princípio para as garantias de segurança. Sem isso, Kiev pode vacilar!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Visao