Lucro da EDP recua 7% para 709 milhões no primeiro semestre

A EDP registou lucros de 709 milhões de euros no primeiro semestre, 7% abaixo do obtido no mesmo período do ano anterior. Os números de janeiro a junho foram publicados esta quinta-feira na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
As contas da casa-mãe do grupo EDP seguem-se às da sua subsidiária de energias limpas, a EDP Renováveis, que reportou, esta quarta-feira, uma quebra de 56% no lucro do primeiro semestre, em termos homólogos, para 93 milhões de euros, pressionada por itens one-off no Estados Unidos e menores ganhos com a rotação de ativos.
No que diz respeito ao EBITDA, a EDP desceu 4% o semestre, colocando-se nos 2,58 mil milhões de euros. Os resultados foram prejudicados pela ausência de ganhos de rotação de ativos no semestre, quando no período homólogo a EDP tinha registado 184 milhões de euros de mais-valias.
O resultado líquido subjacente, que exclui o efeito das mais valias, sobe 27% para 752 milhões de euros, e o EBITDA recorrente aumentou 7% para 2,6 mil milhões de euros. Olhando a estas métricas, “são resultados sólidos e bons do primeiro semestre”, defende Miguel Stilwell, em declarações ao ECO/Capital Verde.
Com um efeito positivo no desempenho da cotada esteve o aumento de 3,1 gigawatts na capacidade renovável, a par da subida de 12% na produção total de eletricidade — com “forte” contributo das operações nos EUA, e um “sólido desempenho” das redes de eletricidade em Portugal, Espanha e Brasil, lê-se no comunicado.
Na atividade integrada de produção e comercialização de energia na Península Ibérica e Brasil, o EBITDA recorrente totalizou 858 milhões de euros, uma redução de 3% face ao período homólogo. “Tivemos um bom ano hídrico, o que obviamente contribui para o resultado”, assim como níveis de armazenamento elevados, “acima da média dos últimos anos”, realçou Miguel Stilwell — 41% acima da média histórica em Portugal, marcando os 87% o final de junho.
Contudo, a utilização parcial desses recursos para recuperar os níveis dos reservatórios ditou uma quebra de 6% na produção hídrica da Península Ibérica. Já a produção a partir de bombagem (as “baterias” das barragens) cresceu 13% em termos homólogos.
Na produção eólica e solar, o EBITDA recorrente manteve-se estável em 960 milhões de euros, apoiado por um aumento de 18% em termos homólogos da capacidade instalada, que levou a uma produção renovável 12% superior face ao semestre homólogo, mitigado pela queda de 9% no preço médio de venda de energia, para 54,9 euros por megawatt-hora.
A dívida líquida situou-se nos 17,2 mil milhões de euros, 11% acima do registado no ano anterior, refletindo o pagamento do dividendo anual relativo a 2024, a 6 de maio, e o investimento realizado no período, considerando que a concretização de transações de rotação de ativos está maioritariamente concentrada na segunda metade do ano.
EDP apela à revisão em alta da remuneração das redesO CEO da cotada realça a experiência positiva no que diz respeito à concessão de redes no Brasil, país no qual a empresa renovou recentemente, por um prazo de 30 anos, a concessão em Espírito Santo. Em paralelo, e apesar de não estar formalmente assinado o contrato, Stilwell indica que já recebeu a aprovação do regulador para assumir a concessão das redes em São Paulo no mesmo país.
Em contraste, o gestor queixa-se das condições para a exploração das redes na Península Ibérica, uma crítica que a EDP inclui também na apresentação de resultados. “Achamos essencial a revisão em alta dos retornos sobre os ativos das redes” em Portugal e Espanha, que espera que atinjam níveis, “no mínimo”, em linha com a média europeia, no âmbito de alterações regulatórias. Em Portugal, critica, é paga a Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético sobre as redes e não existe remuneração sobre os contadores, “que existe noutras geografias”. Assim, “a remuneração líquida [das redes] em Portugal é bastante inferior às outras geografias e devia, no mínimo, o retorno devia convergir para a média europeia”. Isto “é importante se o regulador e o governo quiserem atrair e encorajar investimento nas redes em Portugal e Espanha“.
Sobre a possibilidade de a EDP perder, ou mesmo não ter interesse em concorrer ao concurso para as redes de baixa tensão, o líder da cotada reitera que “no limite”, e naquele que considera “o pior cenário”, a EDP receberia o valor do ativo de volta. Mas “não é esse o cenário que estamos a trabalhar”, assegura.
(Notícia em atualização)
ECO-Economia Online