Mercado de ações afunda após a Target relatar queda nas vendas

As ações estão caindo em meio a sinais de desaceleração dos gastos do consumidor e preocupações dos investidores sobre as perspectivas fiscais dos EUA.

A Target, uma das maiores varejistas do país, relatou na quarta-feira vendas mais fracas no primeiro trimestre e alertou sobre uma possível queda no restante do ano, à medida que os americanos reagem às tarifas americanas reduzindo o consumo.

As vendas da empresa caíram 2,8%, para US$ 23,8 bilhões no período de janeiro a março, abaixo dos US$ 24,5 bilhões do mesmo trimestre do ano anterior, enquanto a Target disse que espera um declínio de um dígito nas vendas para 2025.

A Target "enfrentou vários obstáculos adicionais neste trimestre, incluindo cinco meses consecutivos de declínio na confiança do consumidor [e] incerteza quanto ao impacto de potenciais tarifas", disse o CEO Brian Cornell em uma teleconferência com analistas de Wall Street.

O S&P 500 caía 61 pontos, ou 1%, para 5.880 às 13h47 (horário de Brasília). O Dow Jones Industrial Complex caiu 628 pontos, ou 1,5%, enquanto o Nasdaq Composite recuou 0,8%.

As ações da Target caíram 5,7%, para US$ 92,50, no pregão da tarde.

Essa fraqueza ocorre em um momento em que mais empresas afirmam que a crescente incerteza econômica está prejudicando suas perspectivas financeiras. Outros grandes varejistas, incluindo o Walmart, declararam que planejam aumentar os preços para compensar as tarifas impostas pelo governo Trump à China e a outros países.

Especialistas observam que a queda nas vendas e nos lucros corporativos pode, eventualmente, prejudicar o crescimento do emprego, que permaneceu resiliente nos últimos meses.

"As empresas esperam que o crescimento da demanda do consumidor desacelere e veem a perspectiva como anormalmente incerta, por isso estão pausando as contratações", disseram analistas da Pantheon Macroeconomics em uma nota de pesquisa.

Alguns varejistas estão se beneficiando do ambiente atual, com alguns consumidores apertando o cinto. A gigante de descontos TJX Companies, cujas marcas incluem HomeGoods, Marshall's e TJ Maxx, relatou na quarta-feira um aumento de 5% nas vendas líquidas no primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 em relação ao ano anterior.

Os investidores também estão avaliando como um projeto de lei de impostos e gastos, apoiado pelos republicanos e atualmente em negociação na Câmara, pode impactar as finanças do país. A Moody's destacou na sexta-feira o crescente endividamento do governo em sua decisão de rebaixar a classificação de crédito dos EUA . Uma classificação de crédito mais fraca aumenta os custos de empréstimos para os EUA.

"Não achamos que o rebaixamento importe por si só", escreveram estrategistas do Bank of America em um relatório, "mas serviu como um alerta para os investidores que estavam ignorando a discussão fiscal em andamento".

As ações também estavam sob pressão devido aos rendimentos mais altos dos títulos do Tesouro no mercado de títulos, o que pode pesar sobre outros tipos de investimentos. Os preços dos títulos caíram devido a preocupações de que uma medida do Congresso para estender os cortes de impostos poderia adicionar trilhões à dívida federal .

"A maior parte do projeto de lei simplesmente estende as alíquotas [de imposto] existentes, em vez de reduzi-las gradativamente", afirmou o analista de ações Adam Crisafulli, chefe da Vital Knowledge, em nota aos investidores. "Além disso, existem algumas compensações que podem prejudicar financeiramente os americanos de baixa renda. Mais importante ainda, a legislação é extremamente cara e aumentará ainda mais a dívida/déficit em um momento em que ambos já estão extremamente desequilibrados."

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A Associated Press contribuiu para esta reportagem.